CAPA
Para quem tem o costume de viajar pelas rodovias brasileiras sabe que os momentos mais difíceis e decisivos para um motorista (em que qualquer erro pode ser fatal) são as horas de entrar ou sair de uma rodovia.
Ao sair (momento de desaceleração), tem-se o medo de que algum veículo possa chocar na traseira e ao entrar existe a insegurança de conseguir uma brecha suficiente para que em um curto intervalo de tempo se possa ingressar e alcançar a velocidade diretriz da via (momento de aceleração).
Uma forma de se aumentar a segurança nessas situações, é a utilização de faixas de aceleração e desaceleração.
Figura 1 (1)
As faixas de aceleração e desaceleração são faixas de trânsito projetadas exclusivamente para que a entrada (convergência) ou saída (divergência) de veículos, em uma via principal (rodovias, por exemplo) possam ser feitas de modo seguro e satisfatório para as operações de tráfego.
Enquanto a faixa de aceleração possibilita que o tráfego que está entrando em uma via principal aumente a sua velocidade até um valor que se aproxima daquela que irá encontrar nesta via (velocidade diretriz), a faixa de desaceleração possibilita ao tráfego que está saindo, reduzir sua velocidade de acordo com as restrições do alinhamento do ramo (velocidade da curva de saída), sem prejudicar o tráfego de passagem da via principal.
Para que possamos entender melhor a sua importância, função e absorvermos o seu conceito, além (é claro) de aprendermos como os engenheiros calculam e projetam essas faixas, vamos analisar o caso ilustrado abaixo.Figura 2
A figura acima é uma foto de satélite obtida através do Google Earth de um retorno rodoviário simples localizado na cidade de Betim-MG na rodovia BR-381 (19°57’41.13″S , 44° 9’32.81″O). Nesta foto, observamos a existência de uma faixa de desaceleração (seta vermelha – saída da rodovia) e aceleração (seta azul – entrada na rodovia) para que os veículos possam retornar de A para B. O círculo verde representa a origem do fluxo de passagem da rodovia.Figura 3
(Faixa de aceleração)Figura 4
(Faixa de desaceleração)
Tanto na faixa de aceleração como desaceleração, existem três elementos básicos:
  •          Comprimento da faixa;
  •          Comprimento do taper;
  •          Largura da faixa.
Figura 5
A largura da faixa é baseada em função das características do tráfego da via principal, sua largura varia normalmente entre 3,0m e 3,60m.
Uma forma de se estabelecer o comprimento do Taper é calculá-lo em função da largura da faixa, ou seja, emfaixas de aceleração considerar seu comprimento igual 15 vezes a largura da faixa e em faixas de desaceleração seu comprimento igual a 10 vezes. Outra forma de se obter o seu valor é utilizando a tabela da AASHTO (American Association of State Highway and Transportation Officials).
O comprimento das faixas é calculado com o auxílio das tabelas abaixo elaboradas pela AASHTO, que leva em consideração a velocidade diretriz da via principal e da velocidade de segurança das curvas de entrada e saída (Método utilizado pelo DNIT – Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes). Tabela 1
(Comprimento da faixa de aceleração)Tabela 2
(Comprimento da faixa de desaceleração)
O comprimento da faixa é obtido como se fosse uma matriz, ou seja, cruzando linha e coluna. No entanto, para fazer esse cruzamento deve-se obviamente ter os valores da velocidade diretriz da via na qual o tráfego está entrando ou saindo e da velocidade de segurança que os veículos conseguem desenvolver nas curvas de entrada e saída.
O valor da velocidade diretriz pode ser facilmente obtido fazendo-se uma pesquisa de velocidade pontual utilizando, por exemplo, um radar no trecho da via principal onde haverá a necessidade de projetar/implantar as faixas.
Já o valor da velocidade de segurança (Km/h) na curva pode ser calculado através da equação abaixo, que leva em consideração o raio da curva em metros (R) e o valor do coeficiente de atrito pneu X pavimento (f).
V= √(127×R×f)
Obtido os dois valores, basta achar o comprimento da faixa.
Analisando a Tabela 1, vemos que o comprimento necessário da faixa de aceleração para um veículo ingressar com segurança numa rodovia com velocidade de 110Km/h vindo de uma curva a 30Km/h é de 350m.
Agora que você aprendeu, pode verificar se as faixas de aceleração e desaceleração das figuras 3 e 4 foram projetadas corretamente.
Fontes:
Nota Técnica da CET-SP N°: 167/93 de 07/93 – Metodologia para definir a configuração viária das entradas e saídas nas vias principais. Engº José Tadeu Braz (GPC/SPR). Disponível em: http://www.cetsp.com.br/media/20662/nt167.pdf.
Manual DNIT de Acesso de Propriedades Marginais a Rodovias Federais, 2006. Disponível em:http://www.dnit.gov.br/rodovias/operacoes-rodoviarias/faixa-de-dominio/manual-de-acesso-de-prop-marginais-a-rod.-federais-ipr-728.pdf.
Pimenta, Carlos R. T. e Oliveira, Márcio P. Projeto Geométrico de Rodovias 2ª edição
engenhariae.com.br/colunas/o-que-sao-faixas-de-aceleracao-e-desaceleracao/
Grupo 06 - Henrique Barbosa, Lia Dias, Jander Joia, Michele Alves, Rodrigo Fernandes e Samuel Aguiar.