terça-feira, 27 de setembro de 2011

DESCASO COM O SISTEMA DE TRANSPORTE NO BRASIL

Estamos em evidência. Nosso país passa por um momento muito importante em sua história, sob os pontos de vista econômico, político e esportivo.
No cenário político, estreitamos os laços com os Estados Unidos através de acordos entre os presidentes nos últimos meses e desempenhamos importante papel na Organização das Nações Unidas nas tomadas de decisões. Na economia, a nossa moeda se valoriza cada vez mais frente ao dólar americano, e os preços das nossas commodities ainda estão em alta nas bolsas de valores de todo o mundo. No meio esportivo, estamos prestes a sediar os dois eventos mais importantes: A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Porém se voltarmos às atenções para qual é a realidade do nosso país, principalmente no que se refere ao investimento na melhoria e celeridade de obras no setor de transportes, temos alguns motivos para ficarmos com receio sobre o que está por vir.
A menos de mil dias para o início da Copa do Mundo de 2014, ainda encontramos alguns estados que ainda nem começaram as obras de mobilidade urbana, estas tão importantes quanto qualquer estádio de futebol construído para a copa. É o caso de Manaus, que tem como principais obras de mobilidade o Veículo Leve sobre Trilhos (Monotrilho) e o “Bus Rapid Transit” (BRT). O monotrilho encontra-se menos atrasado, pois seu processo licitatório já foi concluído, enquanto o BRT ainda não teve nem mesmo o seu edital publicado, e o prazo para a conclusão da licitação é menor que cem dias. Seria possível concluir este processo em menos de cem dias? Sim, se o prefeito não deixasse de cumprir a lei 12462/2011 que versa sobre regime diferenciado de contratação de empresas para obras da Copa. Vamos pagar pra ver.
Notícias de que o Brasil piora sua infra-estrutura pelo segundo ano seguido ou que o país perdeu vinte posições no ranking do Fórum Econômico Mundial (84º para 104º) deve-se muito a essa despreocupação com melhorias para o setor de transporte, como é o caso da não celeridade com as obras do BRT e sua integração com o Monotrilho, ou a casos de corrupção nos órgãos ligados ao Ministério do Transporte, como foi o caso do DNIT. Casos como estes que atrasam o desenvolvimento da nossa malha rodoviária, retardam o melhoramento das nossas hidrovias ou construção das nossas ferrovias.
Este descaso com o setor de transportes tem preocupado inclusive outros países, caso da China, o nosso principal comprador de commodities, mais especificamente a soja e o milho. Visto a dificuldade que é transportar a soja e o milho dentro do nosso país até o litoral, os chineses estão formando parcerias com empresas brasileiras e investindo alto no setor de logística e transporte no nosso país, a fim de baixar o preço final das commodities produzidas aqui.
É fato, o Brasil deve-se preocupar com sua infra-estrutura no setor de transporte, tendo em vista o cenário em que o país se encontra. Deveríamos investir mais neste importante setor, talvez 2% do PIB como na metade do século XX. Mas de nada adiantaria tanto recurso se não tivermos a preocupação em gerenciá-lo bem. Afinal, será que estamos prestes a passar um imenso papelão às vésperas de 2014 e 2016 devido à ganância e incompetência das nossas autoridades?