Avaliação Econômica
(CBA-CEA-MCA)
Este post foi escrito pois meu grupo e eu tivemos
dúvidas em relação ao método de avaliação do projeto escolhido e, após a
leitura do texto referência para este desenvolvimento as dúvidas foram sanadas.
Gostaria de compartilhar com você esse entendimento para que possa te ajudar. Caso ainda tenha alguma dúvida pode ler o texto indicado ao final e/ou
perguntar ao professor da disciplina. Acrescento ainda que este texto não
substitui o estudo individual de cada método de avaliação.
Para começar vamos separar duas
avaliações que têm objetivos distintos, mas que já impedem a compreensão desde o
início:
-Avaliação
Financeira que tem por objetivo identificar se o projeto é autossustentável
financeiramente.
-Avaliação
Econômica que foca em definir se o projeto gera benefícios líquidos para a
sociedade.
Compreendendo
essas diferenças fica evidente que, do ponto de vista da iniciativa privada, a
viabilidade de um projeto é determinada pela avaliação financeira em razão da
necessidade de comprovação de receitas superiores aos investimentos, enquanto
que, na avaliação econômica o ponto de vista a ser observado é o da sociedade e o
projeto é determinado de forma mais ampla que apenas em função da geração de receita. São
incluídos fatores como desenvolvimento econômico, diminuição de acidentes,
melhoria na saúde, segurança, melhoria na saúde, entre outros
aspectos. Com isso, podemos ter um projeto de interesse para a sociedade que
não gere retorno algum fazendo com que não seja de interesse da iniciativa
privada.
A avaliação econômica prioriza o melhor gasto
possível para o recurso desprendido, por esse motivo é amplamente utilizada na
gestão pública para se ter maior eficiência.
Outros dois fatores precisam ser
esclarecidos antes de continuarmos:
-Distribuição
Igualitária das Riquezas – Todo projeto irá favorecer alguns determinados setores e nossa
preocupação é tomar o cuidado para que não prejudique de mais outros (exemplo,
uma obra teve que fechar uma rua permanentemente e nesta rua existe um posto
de gasolina e outros comércios que fatalmente irão falir com o tempo. Se essa for a
única opção, tais empreendimentos deverão ser indenizados e esses gastos devem
ser incluídos no custo total da obra em questão)
-Externalidades
– Impactos causados a terceiros pelos quais o projeto não foi onerado (exemplo,
poluição do ar, poluição sonora e visual e deterioração de patrimônio advindas da construção de um viaduto implantado ao
lado de um prédio residencial. O Banco Mundial
recomenda que essas externalidades sejam quantificadas monetariamente sempre
que possível, não se preocupem que vou explicar adiante como lidar com isso.
Os principais critérios de
avaliação econômica são:
-Cost-Benefit Analysis (Análise Custo Benefícios);
-Cost-Effectiveness (Análise Custo Efetivo) e
-Multicriteria Analyses (Análise Multicritério).
Para
uma análise econômica não estamos presos unicamente a um critério, isso é
importante, cada um desses tem sua própria forma de colocar “pesos”/quantificar
“monetariamente” seus itens a serem analisados para que, no final, se possamos tomar
a decisão correta a respeito de uma obra.
Imaginemos
que a avaliação econômica seja uma balança da justiça (dois pratos com uma
haste no centro como pilar) e todos as pesquisas, dados de campo, benefícios e
malefícios do projeto precisam ser qualificados, quantificados monetariamente e
acrescidos de pesos.
O
CBA irá olhar para sua cesta de itens a serem avaliados e quantificar
monetariamente o maior número possível de custos e benefícios colocando em
nossa balança da justiça, no prato direito, pontos positivos e, no prato esquerdo, negativos.
Neste
momento poderíamos ter avaliado todos os itens entretanto para nosso exemplo
ainda restam muitos na cesta.
Olhando
para a cesta vemos itens que não há como monetizar (exemplo, quantas pessoas ou
empresas, que hoje não são atendidas, e que passarão a tomar proveito da nova infraestrutura).
Usando o CEA a cesta volta a ser quantificada por pesos. Inclusive se tivermos
que optar por dois ou mais projetos com o CBA equivalente o CEA pode nos
mostrar qual deles será mais efetivo [mais itens para a balança, reduzindo na
cesta, ficando cada vez mais próximo do resultado da avaliação econômica].
OBS.:
O CEA é um critério pautado em projetos com único objetivo caso tenha dois
objetivos. Para escolher entre projetos que atendem a objetivos diferentes ou
setores diferentes a recomendação, segundo o Banco Mundial, é o CBA sempre que
possível. Quando existem múltiplos objetivos com um único projeto utilizaremos
o MCA pois precisam ser ponderados por sua importância relativa.
Passando
sua cesta em todos esses filtros e ainda restar alguns itens que não puderam
ser classificados você se perguntará, e agora, como proceder? Existe, por
último, a Análise Qualitativa para esses dados restantes de sua cesta. Contudo,
esta análise é extremamente subjetiva a ponto de afetar a transparência e a
imparcialidade da análise da obra em questão.
Pronto, temos a cesta vazia e a
balança da justiça com o prato direito (benefícios, efetividade, fatores mais
importantes) mais pesado, podemos tomar a decisão final de execução?
A
avaliação econômica é usada para priorizar projetos, mas não para tomar uma
decisão final. Outras razões (políticas e culturais) devem ser consideradas
antes da decisão final.
Imagem:
https://www.estudopratico.com.br/o-que-faz-um-arquiteto-e-qual-o-salario-estimado/
Referência:
“Avaliação econômica de projetos de transporte: melhores práticas e
recomendações para o Brasil”
Marta Corrêa dalbem;
Luiz Brandão;
T. diana L. van aduard de Macedo-Soares
Disponível em: www.scielo.br/pdf/rap/v44n1/v44n1a05.pdf