quarta-feira, 5 de outubro de 2011

SINTESE HISTÓRICA DO SISTEMA DE TRANSPORTES NO BRASIL

A utilização dos sistemas de transporte no Brasil é caracterizado de maneira distina em três etapas ou ciclos históricos: o ciclo exportador (1880-1930), o ciclo industrial (1930-1980) e o ciclo de estagnação e abertura econômica (1980-2004).

O primeiro período (1880-1930), nos remete a época em que o Brasil caracterizava-se por ser um exímio exportador de commodities, em especial o café que era produzido em larga escala no país. Neste ciclo, os sistemas de transportes mais utilizados eram basicamente dois: as ferrovias e a cabotagem – que é o transporte de produtos via litoral brasileiro através do modal aquaviário. Apesar da excelente produção de café na época, o Brasil esbarrava em uma fraca infra-estrutura de transportes, e o investimento nesses modais eram feitos de maneira isolada, não visando uma integração bem definida entre ferrovias ou mesmo entre elas e os portos. Esse crescimento de volume de produção que necessitava ser transportado para uma mesma malha existente, o pouco investimento na ampliação do sistema, aliados à crise econômica devido à quebra da bolsa de Nova York em 1929 levaram ao declínio da utilização do modal ferroviário e da cabotagem no nosso país.

A crise de 1929 ocasionou o decréscimo das exportações do Brasil devido a recessão causada em todo o mundo. Porém, a crise não trouxe somente malefícios a nossa economia. Foi então que ocorreu o surgimento das indústrias e o nosso país passou a viver um novo ciclo na utilização dos sistemas de transporte: o ciclo industrial; que perduraria até meados dos anos 80. Nesta época, a prática da cabotagem passou para o estado no ano de 1937, o qual se mostrou ineficiente na administração desse tipo de transporte; este fato, aliado ao declínio da utilização de ferrovias, devido a dificuldade de interligação entre as mesmas (causada principalmente pela diferença de bitolas), fizeram surgir uma nova modalidade de transporte no Brasil: o rodoviário.

A criação do Plano Nacional de Viação – PNV em 1934 e do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem – DNER em 1937, impulsionaram o surgimento de rodovias, que foram construídas com a intenção de integração nacional entre localidades aonde as indústrias vinham sendo implantadas. Houve também a implementação de um plano de transportes em 1948 que além da intenção de promover o modal rodoviário, também contemplava investimentos para os modais ferroviário – através da contrução de novas ferrovias, aquaviário – com o reaparelhamento dos portos, a melhoria da navegabilidade dos nossos rios e também, com o impuslionamento do setor energético, a construção de oleodutos. Fatos que propiciaram o surgimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – o BNDE, instituição governamental que financiou grande parte destes novos investimentos no setor de transporte no ciclo industrial.

O aprimoramento da indústria, principalmente a automobilística com sua crescente produção de veículos, incentivou de maneira considerável a utilização do modal rodoviário no nosso país. O que fez com que o PIB brasileiro crescesse de forma que o Brasil chegasse ao ponto de ser considerado como o país com a 8ª economia do mundo no ano de 1954 – o chamado milagre brasileiro. Fato que que levou a um investimento em transportes jamais visto no país, chegando o Brasil a ter cerca de 2% do Produto Interno Bruto destinado ao setor de transportes na época do regime militar que perdurou até o inicio dos anos 80.

Porém, neste período, mas precisamente no final do regime militar, o Brasil começou a passar por um período de estagnação econômica. O início dos anos 80, foi o período em que houve intensa migração do campo para a cidade e a populção passou a ser essencialmente urbana. Na economia, o Brasil procurava uma integração econômica com países vizinhos, pois havia um grande volume de exportações, mas sem ganho econômico. O país deixou de ter características de um estado desenvolmentista para passar a controlar os seus investimentos. E o setor de transportes sofreu consequências consideráveis nesse período. A expansão das rodovias diminuiu. Contudo, ainda que timidamente, o país ainda investia na ampliação da malha rodoviária, pois a industria automobilística não diminiuiu seu ritmo de produção.

Após atravessar por períodos de grande inflação no início dos anos 90, e recuperação econômica nos anos 2000, o país passa novamente por um momento em que se volta a investir no setor de transportes. A criação do Plano de Aceleração do Crescimento no governo de Luis Inácio Lula da Silva e a continuação com a segunda etapa do plano implementado pela presidente Dilma Roussef, prevê pesados investimentos em todos os modais de transporte, como a contrução de 8 mil km de rodovias, 3,5 mil km de ferrovias, investimento em modernização, recuperação de ampliação de portos e aeroportos. Obras que visam o recebimento de grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo de futebol em 2014 e as Olimpíadas de 2016, porém muitas delas só deverão estar prontas após 2020.

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